O sertanejo: da raiz ao pop moderno

O sertanejo: da raiz ao pop moderno

Quando pensamos no Brasil, é impossível ignorar a influência sonora e cultural do sertanejo. Esse gênero musical, que atravessa décadas e se reinventa continuamente, é mais do que música: é uma narrativa viva da transformação cultural e social do país. Afinal, o que seria do Brasil sem suas melodias apaixonadas e histórias contadas em cordas de viola? Vamos mergulhar na fascinante história do sertanejo, de suas raízes humildes até seu status de pop moderno.

O nascimento do sertanejo: uma voz vinda do campo

A história do sertanejo começa em um Brasil profundamente rural. Na primeira metade do século XX, a música sertaneja era uma espécie de diário cantado dos trabalhadores do campo. As letras falavam sobre a saudade da terra natal, a dureza da vida no interior e, claro, o amor – correspondido ou não.

Os precursores do gênero foram duplas como Tonico e Tinoco, que emergiram nos anos 1940 e 1950. Com sucessos como « Tristeza do Jeca », eles foram os porta-vozes de um Brasil profundo, um Brasil que buscava reconhecimento em meio ao processo de urbanização acelerada. Suas músicas, muitas vezes acompanhadas apenas pela viola caipira, eram simples e carregadas de emoção genuína.

A urbanização do sertanejo e o surgimento do sertanejo romântico

A migração em massa para as grandes cidades a partir dos anos 1960 trouxe mudanças significativas, e o sertanejo não ficou de fora. Na medida em que o público-alvo se deslocava para os centros urbanos, o gênero começou a se reajustar. Surgia o chamado sertanejo romântico, com letras mais plurais que dialogavam com experiências tanto do campo quanto das cidades.

Os anos 1980 marcaram um período de ouro para o sertanejo romântico com artistas como Chitãozinho e Xororó, Leandro e Leonardo, Zezé Di Camargo e Luciano, que conquistaram não só o Brasil, mas também projeção internacional. Quem nunca cantou “Evidências” como se fosse um hino pessoal? O sertanejo desta época manteve o uso de violões e violas, mas trouxe arranjos mais elaborados, incluindo orquestras e produção de estúdio de ponta.

Sertanejo universitário: o boom contemporâneo

Avançando para os anos 2000, o sertanejo abraçou de vez a modernidade com o que hoje chamamos de sertanejo universitário. Este subgênero nasceu como um movimento entre jovens estudantes, especialmente em estados como Goiás e Mato Grosso do Sul, mas rapidamente dominou as playlists de todo o país. Com artistas como Jorge e Mateus, Gusttavo Lima e Luan Santana, o sertanejo universitário transformou o gênero em um verdadeiro fenômeno pop.

Uma das principais características dessa nova onda é sua pegada dançante e o foco em refrães fáceis de memorizar. Ritmos animados que eram capazes de embalar festas, baladas e até mesmo transmissões em rádio fizeram com que o sertanejo deixasse de ser apenas música de interior e se tornasse o som do Brasil contemporâneo.

O impacto das redes sociais e plataformas de streaming

Não há como falar sobre a ascensão moderna do sertanejo sem mencionar o papel das redes sociais e das plataformas de streaming. Se antes os artistas dependiam de gravadoras e rádios para conquistar o público, hoje o poder está, literalmente, nas mãos dos fãs. YouTube, Spotify e Instagram se tornaram vitrines indispensáveis para lançar sucessos e criar conexões diretas com o público.

Lembre-se de Marília Mendonça, a rainha da sofrência: ela não apenas conquistou milhões de corações com suas letras viscerais sobre amores complicados, mas também fez shows intimistas transmitidos ao vivo durante a pandemia, atingindo recordes de audiência. Isso demonstra como o sertanejo moderno utiliza essas ferramentas para estar cada vez mais próximo do público.

Sertanejo pop: a fusão de estilos

Hoje, o sertanejo não tem medo de “flertar” com outros gêneros. O sertanejo pop é a materialização dessa fusão. Letras apaixonadas e ritmos característicos agora caminham lado a lado com elementos do funk, reggaeton e até mesmo música eletrônica.

Artistas como Simone e Simaria, Maiara e Maraisa e Zé Neto e Cristiano são exemplos disso. A música sertaneja deixou de ser regional ou nacional e abriu portas para colaborações internacionais. Quem diria que um dia o sertanejo dividiria o palco com craques da música latina e até do pop gringo?

O sertanejo como espelho da cultura brasileira

Mais do que um gênero musical, o sertanejo é um retrato cultural constante. Ele evolui, mas não esquece suas raízes. Fala de amor, das dores da vida e dos sonhos – temas universais que facilmente conectam pessoas, independentemente de onde elas estejam. Enquanto reflete as mudanças sociais do Brasil, o sertanejo também se reinventa para permanecer relevante.

Você consegue ouvir « Tristeza do Jeca » e não se emocionar ao pensar sobre nossas raízes? Ou resistir a cantar em plenos pulmões « Cheia de Manias » quando toca na rádio? O sertanejo une o Brasil, das pequenas cidades ao coração dos grandes centros urbanos, sempre com suas melodias cativantes e letras que tocam lá no fundo.

Um convite para explorar mais

Seja você fã do sertanejo raiz, apaixonado pelas baladas românticas dos anos 1990 ou um adepto do sertanejo universitário e pop moderno, uma coisa é certa: o gênero continua a moldar a trilha sonora de nossas vidas. O que acha de reservar um momento para incluir mais dessas canções em seu dia? Prometo que sua playlist vai ganhar uma dose extra de emoção!